Lucíola de Castro Coelho
RELATÓRIO do livro “NÉVOA”
Esta foi minha primeira experiência no Laboratório de Humanidades e, confesso, que me encantei.
Nunca havia lido um livro e discutido com outra pessoa sobre os personagens e as percepções da história. Achei muito interessante e enriquecedor porque escutar a opinião de outras pessoas, ampliou meu olhar sobre a história e os personagens. Ler Névoa foi uma experiência diferente também porque estava habituada a ler livros de romance “tradicionais” onde o autor não se envolve na história e não provoca o leitor.
Confesso, também, que no início me senti desmotivada com a leitura, por ser diferente do habitual, senti certa dificuldade com a linguagem. No entanto, com os encontros e as discussões sobre a história e os personagens, fiquei curiosa e estimulada a ler, gostando da história por fim. Névoa, me fez refletir sobre a vida e até relembrar de situações vividas, dificuldades que, quando estamos envolvidos na “névoa”, são muito maiores do que realmente são. A história de Névoa é muito atual, apesar da época em que foi escrita.
Quanto aos personagens, senti pena do Augusto já que, quando ele passou a viver e não somente a passar pela vida, o autor resolveu matá-lo. Apesar de achar que Augusto era fruto de uma mãe super protetora, que não o criou para o mundo e sim para ela própria. Assim, após a morte da mãe, Augusto vivia inerte e sem objetivos até se deparar com os olhos de Eugênia. Augusto era um homem tão despreparado para a vida, envolto pela “névoa” do seu próprio mundo, que não soube identificar o verdadeiro sentimento que os olhos de Eugênia despertaram, que em minha opinião, foi de que havia vida além da mãe ou da ausência dela. E, tanto despertou, que o fez se desprender do “falso” sentimento de paixão por Eugênia quando liquidou a dívida dela sem querer nada em troca.
Já Eugênia, se mostrou uma personagem com uma intensa realidade de vida, de senso prático e objetivos traçados. Sempre soube o que queria e foi atrás do que buscava. Só achei desnecessário ter aceito o jogo de Augusto para depois abandoná-lo de forma cruel. Acredito, que ela foi motivada pelo orgulho ferido, após Augusto ter afirmado que não a queria, além de ter descoberto a existência de outra mulher, a Rosário. Ela teria sido mais digna se aceitasse o pagamento da dívida e continuasse com seu noivo Maurício.
A angústia de Augusto diante da morte e dos questionamentos do que realmente era realidade ou ficção, novela ou nivola, da vontade de viver, me fez refletir que nós temos as rédeas de nossa via enquanto temos vida; que o “Criador” tem o poder de nos tirar dela a qualquer momento mas também nos dá a oportunidade de escolha, o livre arbítrio, e que, por isso, temos que escolher da melhor forma possível, sem nos deixar envolver por “névoas”, tentando enxergar as possíveis soluções e não somente os problemas.
Enfim, a leitura de Névoa me fez refletir sobre a capacidade que a literatura tem de nos fazer sonhar, de nos envolver na história dos personagens de forma a internalizarmos as dificuldades, anseios e contrapontos das situações, ampliando nossas perspectivas e, diria até, soluções para o modo como vivemos nossos próprios conflitos.
Gostei muito do LabHum e irei experimentá-lo de novo, na próxima leitura.