MINHA EXPERIÊNCIA COM A FOTOGRAFIA CONTEMPLATIVA

"...devo viver mais atenta ao presente, devo estar realmente presente
o meu dia para não perder momentos importantes que não voltam. "

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Por Anna Beatriz de Paiva Gomes

Trabalho apresentado ao Professor Yuri Bittar da unidade curricular eletiva de Laboratório do olhar: meditação, fotografia e humanização em saúde.

Centro de História e Filosofia das Ciências da Saúde UNIFESP/EPM

São Paulo 2017

Minha experiência com a fotografia contemplativa mudou meu olhar sobre o mundo, pois ao parar de buscar incessantemente apenas por aquilo que eu considerava “belo”, encontrei a beleza em lugares inesperados e simples da cidade.

A princípio, eu achava que a fotografia contemplativa se tratava de algo que envolvia muita técnica fotográfica, com a escolha do ângulo perfeito, da iluminação perfeita, do objeto perfeito. No entanto, logo na nossa segunda aula já descobri que se tratava de algo totalmente diferente!

A fotografia contemplativa suscita a curiosidade, requer que estejamos de mente aberta e não julguemos aquilo que vemos. É preciso enxergar o mundo ao seu redor e afinar a percepção para poder extrair o melhor daquilo que se vê. No entanto, extrair o melhor não é tirar uma foto “tecnicamente perfeita”, mas sim uma foto que registre exatamente aquilo que você viu num flash de percepção.

Inicialmente, tirar fotos sem procurar aquilo que considerava belo foi um grande desafio para mim. Além disso, em todas as fotos eu procurava achar o ângulo mais “adequado”, tentando sempre embelezar aquilo que via.

No entanto, na nossa caminhada contemplativa realizada com o grupo, passei a me atentar mais para as folhas, o chão, os muros, a sujeira... tudo que eu nunca dei atenção ao longo da vida. Nesse dia, tirei fotos que me trouxeram numa nova noção daquilo que é belo, abrindo minha mente de maneira muito impactante.

A fotografia contemplativa permite que saiamos do modo automático em que vivemos atualmente, com a sobrecarga de estudos e trabalhos. Normalmente nem olhamos para os detalhes na paisagem ao nosso redor porque estamos sempre atrasados, com pendências e muitas preocupações.

Porém, o ato de parar e tirar uma fotografia de algo que “chamou sua atenção” dura apenas alguns instantes e promove em troca, um tremendo bem-estar, uma sensação de apreciação do mundo e uma nova forma de enxergá-lo.

Também considerei interessante a forma como a meditação e a fotografia contemplativa se integram e se complementam. Sempre tive dificuldade na prática da meditação, porém na nossa aula em que meditamos em grupo, consegui por alguns momentos, retirar as tensões do corpo e realizar o exercício proposto.

De maneira geral, a prática no laboratório do olhar me propiciou um novo olhar acerca do mundo, abriu minha mente para a beleza que há escondida nos nossos caminhos todos os dias, e me lembrou de que devo viver mais atenta ao presente, devo estar realmente presente no meu dia para não perder momentos importantes que não voltam.

A seguir, algumas das fotos tiradas na nossa caminhada contemplativa em grupo no bairro da Vila Clementino:

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Essa foto é da calçada, próxima ao prédio onde nos reuníamos às terças-feiras para as nossas aulas. O que chamou a minha atenção foi a intersecção da grama entre as placas de concreto, além da folhinha seca posicionada de maneira muito natural nesse cenário.

É a minha foto preferida, pois é inesperadamente linda, retrata exatamente o que eu vi, sem preocupações com o ângulo ligeiramente “torto” da foto.

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Essa foto foi tirada do encontro da calçada com a sarjeta. Nesse encontro, encontrei frutinhas vermelhas que haviam caído da árvore acima. O que chamou a minha atenção foi principalmente o contraste de cor, pois as frutinhas têm uma cor viva: vermelho, o que contrasta com a cor apagada da calçada e da rua.

Gosto muito dessa foto, pois às vezes me confundo ao olhar e acho que é um quadro. A textura na calçada e na rua dão a ideia de que o cenário foi pintado, o que mostra que a beleza está onde menos esperamos.

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Esta foto também é de uma sarjeta numa rua de paralelepípedos. O que chamou a minha atenção inicialmente foi o aglomerado de folhas num canto. A foto retratou muito bem o que eu vi, as cores, a posição e a iluminação retrataram fielmente o meu flash de percepção.

Considero essa foto muito interessante, pois num primeiro olhar, o aglomerado parece sujeira, porém ao se olhar mais atentamente, percebe-se que é a natureza, são apenas folhas que estão já desgastadas pelo Sol e pela chuva.

Novamente, pude identificar beleza onde eu não costumaria encontrar.

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Esta é outra foto que parece um quadro, devido às texturas da calçada e da rua.

A foto é da beira de uma calçada com 2 flores caídas de uma árvore acima. O que mais me fascinou nessa foto foi o contraste de cores e a posição com que as flores caíram, de maneira complementar e até simétrica.

Novamente, percebo que estive muito atenta às sarjetas e calçadas, voltando meu olhar para onde normalmente não costumo me atentar.

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Essa foto é do encontro/da divisória dos muros de duas casas pintadas de cores diferentes.

O que mais chamou a minha atenção num primeiro momento foram as cores distintas. Logo em seguida, a textura da parede também se mostrou em destaque.

No meio entre as duas cores do muro, há uma sujeira, porém esta se confunde com as sombras, o que achei também muito interessante.

Gosto muitíssimo dessa foto, pois foi tirada também próximo ao prédio onde fizemos as aulas da eletiva, sendo que eu nunca havia prestado atenção nesse muro anteriormente. Senti minha mente mais aberta e menos sobrecarregada. Essa foto me transmite alegria e amor.

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