Escola Paulista de Medicina
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Pandemia, meditação e vontade de escrever (o LabOlhar )

Relato final da disciplina, por Vitor Gabriel Lopes da Silva (graduando de Medicina)

            Eu imagino que esse último mês tenha sido muito difícil para todos. Eu faço parte da representação discente no Conselho de Graduação e na representação de turma, então eu tive um mês muito estressante nesse contexto, pois tive diversas reuniões, apresentação de pesquisas sobre as condições dos estudantes para realizar atividades à distância, até que culminou na suspensão do calendário acadêmico da universidade.

            Por um lado, foi um grande alívio, pois eu não estava conseguindo manter a produtividade que estava sendo exigida e também pelos estudantes que, infelizmente, não tinham as condições adequadas (tanto de acesso a computadores e/ou à internet quanto de estudo, considerando toda a mudança na dinâmica das famílias em casa). Porém, ao mesmo tempo, senti certa “paralisia”, não conseguia continuar minhas atividades extracurriculares. Fiquei dias apenas participando das reuniões e sem querer pensar em nada acadêmico.

            Tentava colocar as práticas de mindfulness, atividade física em casa e até da eletiva LabOlhar na minha rotina, mas não conseguia. No fim, percebi que precisava de um tempo para mim. Me permiti assistir a séries, jogar online com amigos e navegar nas redes sociais mais do que de costume. Acho que o tempo que me dei está me ajudando a retornar agora minimamente a uma rotina, pelo menos estou planejando e tentando cumprir sem culpa se não conseguir. Tentei realizar esta eletiva em anos anteriores sem sucesso, pois meu CR não parece ter sido suficiente. Fiquei muito feliz quando consegui neste semestre, pois é o último que poderia fazer eletiva na minha graduação.

            Então, quando veio abruptamente a suspensão devido à pandemia, por mais que tenha sido criado o grupo no Whatsapp (que aliás preciso ler as mensagens, não conseguia abrir os grupos de tantas mensagens que recebi nesse período) e que as atividades (para nosso bem-estar inclusive) tenham sido propostas, não tive forças para continuar, fui preenchido por sentimentos de tristeza, preocupação e certa frustração. Hoje, estou bem melhor.

            Finalmente abri os emails com a proposta da atividade e com os relatos finais dos colegas, li os relatos e me despertou a vontade de escrever alguma coisa também. Obrigado pela oportunidade, Yuri. Gostaria de enviar esta foto abaixo. Eu tirei ela no início do isolamento em casa. Foi uma foto que me despertou intenso sentimento de admiração das formas arredondadas e do “degradê” de tons da luz. Era final da tarde, o Sol bate na minha janela e imagino que a persiana do meu quarto tenha produzido essa imagem na parede do corredor. O que mais me impressionou é que os pequenos furos por onde passam as cordas que sustentam a persiana é que fizeram essa imagem que me chamou a atenção, que de fato tive o “flash de percepção”.

2020 vitor 01

A imagem abaixo é a minha preferida, eu tirei esta foto naquela rua que todos gostaram. As linhas nos tijolos demonstram suavidade e o que mais me chamou a atenção foram os dois últimos tijolos, que as linhas continuam.

2020 vitor 02

Nesta foto, o “flash de percepção” para mim foi as curvas que o ferro faz em contraste com as linhas retas dos ladrilhos do chão. É perceptível também que há o contraste na própria estrutura de ferro que vem com linhas retas e no centro da foto aparecem as linhas curvas.

2020 vitor 03

Participar desta eletiva foi realmente muito importante para mim, mesmo que no meio tenha sido surpreendido pelo contexto que vivemos. Mesmo que só tenha conseguido escrever um relato hoje, com alguns dias de atraso. O que mais me surpreendeu é como situações extremas podem afetar nosso psicológico e nossa produtividade mesmo que algumas tarefas sejam prazerosas e fosse um desejo antigo de participar, como era o meu desejo em participar desta eletiva. Perceber isso, os sentimentos despertados em meu corpo e na minha mente nesses últimos dias foi uma experiência ruim que me enriqueceu. Termino este relato agradecendo e, com certeza, considero que todos deveriam ter a experiência de ao menos conhecer a fotografia contemplativa e o mindfulness e, se achar sentido, encaixar em suas vidas.

Obrigado!

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