Foi um momento em que entendi o quão superficial era meu conceito de beleza, e esses exercícios me desafiaram a enxergar a beleza em padrões de linhas, texturas, contrastes e sombras que passariam despercebidos por mim... a "perfeição" se encontra nas imperfeições do nosso cotidiano.
[* Relato de experiência da aluna da disciplina eletiva Laboratório do Olhar]
A Fotografia Contemplativa desconstruiu minha definição de estética, do que é belo e da própria arte da fotografia.
Já na primeira aula entendi que o curso seguiria um rumo diferente do que eu estava esperando, mas isso não se tornou uma decepção, muito pelo contrário, foi uma adorável surpresa!
Na primeira aula fomos convidados a se despir de toda a bagagem do que consideramos certo e errado na fotografia. Para conseguirmos realizar a Fotografia Contemplativa precisávamos nos esvaziar até de nós mesmos, o que se mostrou um grande desafio na prática quando arriscamos nossas primeiras tentativas de registrar relances ao redor do bairro. Não é tão fácil deixar de lado os conceitos pré definidos de uma boa foto, a mania instintiva de procurar um bom ângulo e iluminação para realçar a foto, e principalmente identificar o "clic" interno de algo que nos chama a atenção e respeitar de forma imparcial a beleza nas coisas mais simples do dia a dia. O nosso estado mental e sentimental também pode ser outro obstáculo, e foi então que a meditação foi apresentada como uma ferramenta essencial para a Fotografia Contemplativa. Eu adorei e absorvi muito das aulas, mas confesso que todo início e fim eram meus momentos favoritos! A disciplina me proporcionou meu primeiro contato com a meditação, e ao decorrer das semanas eu me via tentando meditar na minha casa, pausas e até mesmo no transporte público. Descobri que não se tratava apenas de esvaziar a mente, mas justamente de prestar atenção em tudo ao redor, coisas que apenas ignoramos para conseguir encarar nossa rotina frenética.
Ao longo de cada encontro fomos analisando as fotografias de cada colega, e aprendemos o conceito de Studium e Punctum, o que nos remetia cada imagem e qual o detalhe central que prendia nosso olhar. Foi um momento em que entendi o quão superficial era meu conceito de beleza, e esses exercícios me desafiaram a enxergar a beleza em padrões de linhas, texturas, contrastes e sombras que passariam despercebidos por mim.
Ainda tenho muito o que aprender (e desaprender) com esse novo conceito, mas como dizem: "a prática leva a perfeição", porém, no caso da Fotografia Contemplativa, a "perfeição" se encontra nas imperfeições do nosso cotidiano. É só querer enxergar para ver.